segunda-feira, 4 de novembro de 2013

13 Prevenção da Doença dos Legionários


As bactérias do género Legionella encontram-se em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, como redes de abastecimento de água, redes prediais de água quente e água fria, sistemas de ar condicionado e sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores evaporativos e humidificadores) existentes em edifícios, nomeadamente em hotéis, termas, centros comerciais e hospitais. Surgem ainda em fontes ornamentais e tanques recreativos, como, por exemplo, piscinas (Instituto Português daQualidade - IPQ, 2010).
Foi elaborado pelo Departamento de Saúde Publica e Planeamento da ARS Algrave, o Programa de Prevenção da Doença dos Legionários nos Empreendimentos Turísticos da Região do Algarve.
Nesse sentido foram realizadas no concelho de Faro, três vistorias a hotéis, sendo eles:
  • Hotel Mónaco
  • Hotel Íbis
  • Hotel Aeromar
A doença dos legionários é uma infecção respiratória aguda, de instalação súbita, causada por bactérias do género Legionella. O modo principal de transmissão faz-se pela inalação de microaerossóis (microgotículas inferiores a 5um) de água contaminada. É uma patologia associada a viagem e correlacionada com estadias em empreendimentos turísticos "Doença dos Legionários, Guia Prático".
Os fumadores, pessoas com problemas respiratórios crónicos, doentes renais e de um modo geral imunodeprimidos têm maior probabilidade de contrair esta doença.
Os sintomas incluem febre alta, arrepios, dores de cabeça e dores musculares. Em pouco tempo aparece tosse seca e, por vezes, dificuldade respiratória, podendo nalguns casos desenvolver-se diarreia e/ou vómitos. O doente pode ainda ficar confuso ou mesmo entrar em situações de delírio "Doença dos Legionários, Guia Prático".
As bactérias do género Legionella encontram-se em ambientes aquáticos naturais e também em sistemas artificiais, como redes de abastecimento/distribuição de água, redes prediais de água quente e água fria, ar condicionado e sistemas de arrefecimento (torres de refrigeração, condensadores evaporativos e humidificadores) existentes em edifícios, nomeadamente em hotéis, termas, centros comerciais e hospitais. Surgem ainda em fontes ornamentais e tanques recreativos, como por exemplo jacuzzis "Doençados Legionários, Guia Prático".
Este programa tem como finalidade prevenir a ocorrência de casos de Doença dos Legionários e está definido os seguintes objectivos:
  1. Incentivar a implementação de actividades preventivas e de programas de controlo a desenvolver nos Empreendimentos Turísticos, naqueles que ainda não tenham sido aplicados;
  2. Efectuar a Avaliação do Risco nos Empreendimentos Turísticos;
  3. Determinar as medidas preventivas adequadas à redução do risco de colonização das redes e equipamentos e de ocorrência de casos de doença associados à laboração ou estadia em Empreendimentos Turísticos.
Fonte: Departamento de Saúde Publica Faro, Programa de Prevenção Doença dos Legionários em Empreendimentos Turísticos.

De modo a facilitar a intervenção no terreno para além das actividades a desenvolver pelas Autoridades de Saúde inclui-se uma separata/anexo com as medidas de monitorização e controlo do programa a executar pelo Empreendimentos Turísticos.
Integra ainda este programa a Grelha de Avaliação de Risco, sendo um instrumento de trabalho que permitirá:
  • Sistematizar e uniformizar a avaliação das condições das instalações, equipamentos e procedimentos que favorecem a ocorrência de casos da doença dos legionários;
  • Facilitar a avaliação periódica do risco em função de vários factores que aumentam a probabilidade de ocorrência de colonização da rede predial e outros equipamentos;
  • Obter um valor final, correspondendo a maior pontuação sempre a um maior risco.




Pontos críticos e condições favoráveis

Relativamente aos pontos críticos de localização e às condições favoráveis, para o desenvolvimento de Legionella, pode atentar-se na seguinte tabela:

Pontos críticos
Condições favoráveis
- Redes prediais de água quente (T < 50 °C) e de água fria (T > 20 °C);
- Sistemas de ar condicionado;
- Piscinas, balneários, instalações termais e equipamentos de Spa (banheiras de hidromassagem);
- Zonas de água parada e com défice circulação hidráulica;
- Equipamentos de terapia respiratória; (nebulizadores e humidificadores de ventilação assistida);
- Chuveiros e torneiras;
- Fontes decorativas;
- Sistemas de abastecimento de água (filtros de areia e reservatórios);
- Torres de arrefecimento e condensadores evaporativos;

-Temperatura da água entre 25 °C e 45 °C;
- Possibilidade de formação de biofilmes;
- Presença de nutrientes e de sedimentos na água;
- Défice de desinfectante residual;
- Má higienização de todo o equipamento (filtros, tubagens…);
- Défice de renovação de água;
- Condições de pH entre 5 e 8;
- Zonas propícias para a estagnação da água (reservatórios, depósitos, tubagens de redes prediais, pontos de extremidade das redes pouco utilizadas…);
- Humidade relativa superior a 65 %;
- Presença de materiais porosos e de derivados de silicone nas redes e tubagens associados aos equipamentos que potenciam o crescimento bacteriano;
- Presença de L-cisteína, sais de ferro e de zinco (devido aos fenómenos de corrosão), relacionados com as propriedades físico-químicas e bacteriológicas da água;



As redes de água quente e fria podem ser propícias ao desenvolvimento de Legionella, quer devido ao fraco teor de cloro residual livre, quer devido à entrada de sedimentos por roturas na rede. Neste caso, as zonas que são susceptíveis à formação de aerossóis localizam-se nas saídas dos chuveiros na zona dos balneários das piscinas. A existência de sistemas de água quente para chuveiros em que as temperaturas de armazenamento são inferiores a 60 °C, a presença de colónias de Legionella não deve exceder as 100 unidades formadoras de colónias (UFC) por litro. Assim, é fundamental proceder a operações de limpeza, desinfecção e monitorização não só para as redes de água quente, mas também para as redes de água fria. Então, os métodos aplicáveis a estas situações consistem na Desinfecção Química e no Tratamento Térmico (Direcção-Geral de Saúde).
Estas técnicas de desinfecção deverão ser realizadas sempre que se suspeitar da ocorrência de colonização da água por Legionella pneumophila, ou se se verificarem um ou mais casos da doença dos Legionários; caso a inspecção assim o indique, e ainda se for efectuada alguma alteração ao sistema (Direcção-Geral de Saúde).

ACTIVIDADES A DESENVOLVER PELAS AUTORIDADES DE SAÚDE

  1. Actualização do cadastro dos Empreendimentos Turísticos existentes no ACES;
  2. Sensibilização dos responsáveis pelos Empreendimentos Turísticos, que ainda não estão em programas, para a importância do problema e para a pertinência da tomada de medidas preventivas;
  3. Identificação dos Empreendimentos Turísticos com ocorrência de casos de doença associados e referenciados nos últimos cinco anos;
  4. Identificação dos Empreendimentos Turísticos com programas de controlo;
  5. Utilização da grelha em anexo para a avaliação periódica do risco;
  6. Discussão do risco identificado com os responsáveis pelo Empreendimento Turístico;
  7. Determinação de medidas imediatas em função do risco avaliado;
  8. Confirmação de que os responsáveis tomaram as medidas adequadas no seguimento de casos anteriores e/ou de colonização da rede e de que mantêm programas de controlo;
  9. Selecção dos pontos onde deverão ser efectuadas as determinações da temperatura, do cloro residual e dos pontos de colheita de amostras de água;
  10. Definição, em conjunto com o responsável pelo Empreendimento Turístico, do modo como a Autoridade de Saúde terá conhecimento dos registos e resultados analíticos (envio mensal obrigatório nos estabelecimentos com casos de doença associados ou noutros que a Autoridade de Saúde considere esse procedimento necessário);
  11. Análise e apreciação dos registos de cloro, temperatura e resultados analíticos do programa de controlo;
  12. Execução do programa de vigilância analítico nas unidades com casos de doença associados nos últimos cinco anos, em Empreendimentos Turísticos com colonização persistente nos programas de controlo analítico e nos estabelecimentos com risco elevado;
  13. Determinação de medidas correctivas sempre que tal se julgue necessário;
  14. Avaliação anual quantitativa e qualitativa das actividades realizadas.

Desinfecção Química - Sistemas de água fria


Nesta técnica de desinfecção, deve ser feita a cloração da água existente no reservatório de armazenamento de água fria com hipoclorito de sódio a fim de se obter um valor de cloro residual livre de 20 - 50 mg/L. De seguida, deve ser efectuada uma recirculação da água clorada por todo o sistema de distribuição de água fria procedendo--se, também, à abertura de chuveiros de extremidade. O procedimento a adoptar, de seguida, consiste em fechar todas as saídas do sistema permanecendo parado durante uma hora no caso da existência de valores de cloro residual livre de 50 mg/L, ou duas horas para um valor de cloro residual livre de 20 mg/L. Se existir suspeita de colonização da água por Legionella pneumophila devem ser feitas análises de rotina até que se constate a sua ausência, caso contrário, toda esta metodologia enunciada deverá ser novamente realizada (Direcção-Geral de Saúde).

Tratamento Térmico - Sistemas de água quente

Este método consiste em aumentar a temperatura dos termoacumuladores ou dos depósitos de água quente para valores próximos de 70 C (as bactérias do género Legionella morrem rapidamente) e, simultaneamente, permitir a circulação da água quente por todo o sistema durante uma hora. Em relação aos pontos de extremidade das tubagens (por exemplo, chuveiros), é recomendável que a temperatura da água seja de 60 C, ou superior, durante um período de pelo menos 5 minutos, após a sua abertura. Caso a rede de distribuição de água se encontre sob suspeita, este procedimento deve ser realizado semanalmente juntamente com a análise bacteriológica até já não se verificar essa suspeição. Se se verificar a ocorrência de colonização da água por Legionella pneumophila, a utilização de chuveiros deverá ser interdita aos utilizadores, de modo a evitar a inalação de aerossóis (Direcção-Geral de Saúde)

Avaliação do risco anualmente ou sempre que se justifique, o que inclui:
  • A inspecção sanitária dos edifícios, instalações, sistemas e equipamentos;
  • A identificação de pontos críticos e verificação do estado de funcionamento dos equipamentos;
  • A verificação da existência de programas de operação e manutenção das instalações e equipamentos, com particular incidência na componente higio-sanitária;
  • A verificação da implementação e manutenção de práticas adequadas à prevenção e controlo da doença dos legionários,
  • A confirmação da existência de um programa de controlo da qualidade da água;
  • A confirmação da pesquisa de legionella no âmbito de um programa de controlo da qualidade da água.
Fonte: Departamento de Saúde Publica Faro, Programa de Prevenção Doença dos Legionários em Empreendimentos Turísticos.

Um total de 866 casos foram notificados ao sistema de vigilância EWGLINET com início em 2008.  Entre esses casos, 853 foram relatados por 19 dos 35 países que colaboram oficialmente no esquema.  Os restantes 13 casos foram notificados pela Austrália e os Estados Unidos (que não fazem parte da rede oficial).  O número total de casos com início em 2008 foi menor do que o número com início em 2007 (946 casos).



No caso de ocorrência de casos de doença, o Empreendimento Turístico deve assegurar o envio dos resultados analíticos e de outros registos à Autoridade de Saúde/Delegado de Saúde, da sua área de referência, de acordo com a periodicidade por esta determinada.







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